Filosofia

Toda emancipação constitui uma restituição do mundo humano e

das relações humanas ao próprio homem.

Karl Marx

 

Ordem e Desordem

            Ordem e desordem fazem parte da formação do senso comum e dos

processos da razão e, a partir desses conceitos, tratemos de efetuar uma

avaliação social e histórica. Vivemos inseridos em certas ordens ou organizações

(sociais, políticas, religiosas, econômicas), as quais não dependem

de nossa escolha. Pensemos, pode ser que não exista desordem,

mas ordens diferentes daquela que costumamos pensar que seja a

ordem verdadeira, uma razão imutável, que reina imperativa. Por exemplo:

a civilização ocidental é diferente da civilização oriental, o sul da

América e o norte da América possuem culturas diferenciadas, ou seja,

o mundo é culturalmente diverso e isto enriquece os contatos e as relações,

é preciso aprender a conviver com essas diferenças para evitar

confrontos, conflitos, guerras e sofrimentos.

            Assim também podemos pensar a origem do pensamento moderno

ocidental: uma ordem social que se construiu com elementos das mais

antigas civilizações ocidentais e orientais. Entre a herança que os antigos

como Sófocles, Aristófanes, Hesíodo e Homero nos legaram estão

os mitos, maravilhosas narrativas sobre a origem dos tempos, que

encantam, principalmente, porque fogem aos parâmetros do modo de

pensar racional que deu origem ao pensamento contemporâneo.

            É certo que as tradições, os mitos, e a religiosidade respondiam a todos

os questionamentos. Contudo, essas explicações não davam mais conta

de problemas, como a permanência, a mudança, a continuidade dos seres

entre outras questões. Suas respostas perderam convencimento e não

respondiam aos interesses da aristocracia que se estabelecia na pólis.

            Dessa forma, determinadas condições históricas, do século V e IV

a.C., como o estabelecimento da vida urbana na pólis grega, as expansões

marítimas, a invenção da política e da moeda, do espaço público

e da igualdade entre os cidadãos gestaram juntamente com alguma influência

oriental uma nova modalidade de pensamento. Os gregos depuraram

de tal forma o que apreenderam dos orientais, que até parece

que criaram a própria cultura de forma original.

             Podemos afirmar que a filosofia nasceu de um processo de superação

do mito, numa busca por explicações racionais rigorosas e metódicas,

condizentes com a vida política e social dos gregos antigos, bem

como do melhoramento de alguns conhecimentos já existentes, adaptados

e transformados em ciência.

Fonte: Filosofia / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. – 336 p.